quinta-feira, 21 de julho de 2011

Cadáver. - parte-III



 Evaldo pensou estar louco abraçando esse insólito pensamento de que o balcão tinha algo a ver com o sumiço de seus clientes. Mas como sempre em nossa consciência povoa a duvida,ele desceu até o deposito para ver o balcão. E lá estava ele quietinho em seu lugar, imóvel como um móvel. Evaldo se aproximou, abriu as gavetas novamente e tocou suavemente no balcão o vendo se mover sobre o piso rapidamente como se dois outros homens o empurrasse. 
- O que você quer de mim ? -disse abalado para o balcão.
E deu dois passos para o local do balcão, permanecendo onde estava o balcão, o desafiando. Sentiu um choque percorrer o seu corpo. E olhou para os  pés, o piso ia desaparecendo. Evaldo quis sair, mas era tarde e vendo que tudo ao seu redor ia se transformou , fechou os olhos e ao abrir elevou o olhar vendo que não estava mais no deposito. O deposito havia se tornado num imenso salão de paredes metálicas e frias onde uma infinita quantidade de gavetas revestiam as paredes. Não havia saída a primeira vista. Evaldo achou ser um sonho, um delírio mas ao tocar nas paredes entendeu o mundo que estava. E pensou em como sair dali, estava frio e o medo ia dominando-o. Lembrou-se do balcão de como para move-lo bastou apenas abrir as gavetas. E se foi o local do balcão que o trouxe ali  bastaria abrir as gavetas e pronto estaria em seu lugar novamente.
Evaldo correu para tocar na primeira gaveta a sua frente e abri-la. Mas o susto foi grande. Ao abrir a  gaveta  viu que repousava um corpo. Evaldo recuou, depois aproximou-se com cuidado e surpreendeu-se ao tocar o corpo imóvel. Evaldo gritou, afastou, Era um cadáver e esbarrou em outra gaveta. E a abriu acidentalmente. Outro cadáver. E outro em outra gaveta.  Evaldo  percebeu que todos aqueles cadáveres se mantinham ainda fresco com  pessoas que dormiam. Olhou para todas as gavetas teria que abrir todas para poder sair dali. E assim ao abrir todas as gavetas percebeu que estranhamente se mantinha ali ainda naquele maldito lugar. Olhou para as paredes e encontrou a última gaveta ainda fechada.  Aproximou-se dela e abriu.
- Não é possível!- gritou.
A gaveta estava vazia. A única gaveta vazia. 

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