domingo, 24 de julho de 2011

Cadáver.- parte final.

A única gaveta aberta estava vazia.
Evaldo, passou a mão pela boca suada, mesmo com o frio daquele ambiente metálico e ficou olhando para gaveta aberta e vazia. Aquela desgraçada, maldita, queria realmente o seu corpo? Se perguntou. Mas afinal como deveria sair daquele ambiente.  Deveria se deitar na gaveta e ela o levaria para o ambiente de antes?  Mas não foi assim que chegou ali....
Evaldo gritou desesperadamente. Gritou novamente  fechando e abrindo a gaveta violentamente. Esmurrou as paredes de metal frio e grossa depois exausto sem ter a noção de quanto tempo passou ali caiu ao chão. Deitou-se e sem força alguma para evitar, meteu-se nesse sonho profundo. Algum tempo depois acordou sonolento. Estava ainda fraco, mas pode perceber que o local escuro e apertado que estava era a gaveta que evitou entrar. Tentou se mover mas uma força maior o impediu. 
Lentamente sentiu  o seu sangue se esvairar, assim como a sua força. 
Evaldo não pode ver, mas do outro lado da gaveta uma estranha criatura alimentava-se de seu sangue. E faria isso por muito tempo até ele se tornar um cadáver como os demais ali. Depois o seu corpo  seria queimado e refinado e transformado numa farinha que faria os pães  mais crocantes e gostosos da cidade.
O homem que vendeu a padaria a Evaldo, apareceu  como se fosse o Evaldo no mesmo corpo, o mesmo rosto o mesmo sorriso, tomando o seu lugar na padaria e vendendo o seu pão e depois de algum tempo venderia a padaria com o porém de que o novo proprietário não move-se o balcão do lugar. Esse homem, que não era da cidade, nem parecia ser desse país e muito menos desse mundo, fazia isso desde de 1889 quando encontrou no quintal de sua padaria um estranho objeto voador com um ser que se alimentava de sangue de homens vivos e cujo objeto voador se transformou no balcão que descansava no mesmo lugar a anos no deposito da padaria.  


quinta-feira, 21 de julho de 2011

Cadáver. - parte-III



 Evaldo pensou estar louco abraçando esse insólito pensamento de que o balcão tinha algo a ver com o sumiço de seus clientes. Mas como sempre em nossa consciência povoa a duvida,ele desceu até o deposito para ver o balcão. E lá estava ele quietinho em seu lugar, imóvel como um móvel. Evaldo se aproximou, abriu as gavetas novamente e tocou suavemente no balcão o vendo se mover sobre o piso rapidamente como se dois outros homens o empurrasse. 
- O que você quer de mim ? -disse abalado para o balcão.
E deu dois passos para o local do balcão, permanecendo onde estava o balcão, o desafiando. Sentiu um choque percorrer o seu corpo. E olhou para os  pés, o piso ia desaparecendo. Evaldo quis sair, mas era tarde e vendo que tudo ao seu redor ia se transformou , fechou os olhos e ao abrir elevou o olhar vendo que não estava mais no deposito. O deposito havia se tornado num imenso salão de paredes metálicas e frias onde uma infinita quantidade de gavetas revestiam as paredes. Não havia saída a primeira vista. Evaldo achou ser um sonho, um delírio mas ao tocar nas paredes entendeu o mundo que estava. E pensou em como sair dali, estava frio e o medo ia dominando-o. Lembrou-se do balcão de como para move-lo bastou apenas abrir as gavetas. E se foi o local do balcão que o trouxe ali  bastaria abrir as gavetas e pronto estaria em seu lugar novamente.
Evaldo correu para tocar na primeira gaveta a sua frente e abri-la. Mas o susto foi grande. Ao abrir a  gaveta  viu que repousava um corpo. Evaldo recuou, depois aproximou-se com cuidado e surpreendeu-se ao tocar o corpo imóvel. Evaldo gritou, afastou, Era um cadáver e esbarrou em outra gaveta. E a abriu acidentalmente. Outro cadáver. E outro em outra gaveta.  Evaldo  percebeu que todos aqueles cadáveres se mantinham ainda fresco com  pessoas que dormiam. Olhou para todas as gavetas teria que abrir todas para poder sair dali. E assim ao abrir todas as gavetas percebeu que estranhamente se mantinha ali ainda naquele maldito lugar. Olhou para as paredes e encontrou a última gaveta ainda fechada.  Aproximou-se dela e abriu.
- Não é possível!- gritou.
A gaveta estava vazia. A única gaveta vazia. 

terça-feira, 19 de julho de 2011

Cadáver.- parte II

Evaldo ficou olhando o porque aquele balcão  tinha tantos segredos. Não havia razão para isso. Ali, abaixo ao lado em cima de onde estava o balcão, nada existia. Tudo era como o resto do deposito. Evaldo se decepcionou, e voltou o balcão no seu lugar, e voltou para os seu dia a dia. 
A noite fechou a padaria e foi para a casa, logo pela madrugada estaria ali novamente fazendo os pães mais gostoso e crocantes da cidade. E  os fez como sempre, os melhores pães da cidade. As pessoas vieram e compraram como sempre em grande quantidade. E assim foi o dia todo, vendendo pães, tocando a sua vida, e esquecendo o mistério do  balcão, que mistério não havia nada. No dia seguinte Evaldo fez novamente os pães abriu a padaria e botou o mesmo sorriso de sempre no rosto mesmo sendo ainda cinco horas da madrugada. Estranhamente os cliente não apareceram. Talvez fosse o frio, pensou. Então das cinco passou para as seis, e sete e oito e nada dos clientes aparecerem. Evaldo estranhou, se preocupou. Os pães murcharam, esperando os clientes. Evaldo saiu a porta da padaria e viu que cidade estava em seu dia normal. Não era domingo, nem feriado. As pessoas estavam indo para o trabalho. Mas ninguém entrou em sua padaria, para comprar pão ou mesmo  tomar um simples pingado. Evaldo amargou aquela situação, ficou triste. As 15 horas ligou para um orfanato vir buscar os pães que não foram vendidos e eles que sempre aceitava os pães disseram não dessa vez. Evaldo  não dormiu aquela noite e quando acordou na madrugada seguinte para fazer os seus pães na esperança que os clientes voltassem . Um estranho pensamento lhe tomou.
Teria aquele balcão a ver com a ausência dos clientes?

domingo, 17 de julho de 2011

Cadáver. - parte I

A  padaria Roselina  na rua Olímpia é tranquila e faz os pães mas gostoso e crocantes da cidade. Evaldo o dono da padaria a comprou a três anos de um proprietário com os bigodes mais longos e o olhos mais profundo que uma dia soube existir.  Olhos tão forte e dominante que ainda persiste em sua memória. E esse proprietário que não era da cidade, nem natural do país e não parecia ser natural desse mundo, lhe vendeu a padaria como uma estranha condição. Mas, fazer o que? Evaldo pagou e ficou com a padaria e tudo o que estava nela, e a padaria era proprietária de um  segredo. Um segredo que importunava Evaldo todos os dias. O proprietário ao vender a padaria, exigiu que  nunca, nunca mesmo em hipótese alguma, o balcão  de aço inox no deposito fosse retirado. Evaldo a princípio não se importou, mas toda vez que ia ao deposito e via o balcão lembrava-se da condição de nunca mover-lo. A principio, ignorava, mas com os dias e uma melodia estranha entrando em seus ouvidos, ia dando mais atenção a aquele balcão. Um dia aproximou-se e viu que era apenas um balcão de aço inox, com gavetas  também em aço, pés resistentes e aparentemente apenas um balcão. Um simples balcão de aço. Mas porque afinal esse balcão incomodava tanto, e porque tinha que estar ali.
 Dias vão, dias vem.  E Evaldo um dia não resistiu e ao aproximar do balcão  consumido por sua curiosidade em saber o porque não poderia mover aquele balcão. Botou as suas mãos sobre ele, e com esforço descomunal tentou empurra-lo.Não conseguiu. Era pesado demais alem de  suas forças. Irritado, de uma irritação que vinha de sua  esfomeada curiosidade em saber o que  porque não podia mover o balcão. Abriu todas as gavetas tentado tira-las para jogar fora mas não conseguiu, pareciam amarrada ao balcão. E foi então que com as gavetas abertas, conseguiu mover o balcão. Foi só tocar que ele se afastou levemente, sem que força alguma fosse preciso.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Letícia. Um espirito que me desejava.- parte Final

Letícia se aproximou de mim.
- Você me ama não é mesmo!
- Desde que te vi na foto !
- Eu estou morta a quinze anos. Quando eu morri você era uma criança. Eu me lembro. Você brincava com os seus amigos no jardim do cemitério  quando o meu caixão passou com o meu corpo para ser  sepultada. Eu chorava por ter morrido, mas ao te ver eu soube que a sua alma, um dia se encontraria com a minha.
- Você me ama então!
- Sim!
- Eu também te amo e não sei desde  quando.
- Desde  agora e por quanto levarmos esse amor.
- Nos temos outras vidas! Nos encontramos em outras vidas!
- Não sei, durante esse tempo morto que fiquei te esperando eu somente pensei em você. Agora podemos descobrir se houve outras vidas em nossas vidas ou se vamos começar uma série de vida de agora em diante. Você aceita?
- Eu não conseguiria achar outra vida em minha vida sem você!
Então ela se aproximou e eu deixei. Ela entrou em mim e eu entrei em Letícia. E como um luz intensa e forte o sentimento mais lindo que já experimentei me tomou e a ela. Nos entregamos ao novo mundo.
- Espere o que estão fazendo- Eu perguntei.
- É o seu corpo estão sepultando. Agora estamos juntos.
Eu morri, mas estava vivo ao lado dela. E antes de partimos para a vida que nos tínhamos pela nossa frente, eu resolvi psicografar essa minha experiência e dizer a todos que o amor existe e é .....celestial.......