terça-feira, 20 de março de 2012

O AROMA DA MORTE

A menos de dois quilômetros do quartel  palácio de Bongue, corpos de opositores do  ditador são jogados numa vala cercada por algumas floresta e savanas. De dia calor intenso  a noite é o frio intenso  auxiliando os cadáveres a putrefazem.

São tantos os corpos que ali são jogados. Jovens, velhos, crianças, que o  peso de um corpo novo sobre o outro favorece o prensar e assim, no processo de apodrecer, o sangue vai se  espirrando e coagulando, se juntando a outro sangue e outro.  E por  fim como a um processo de  fabricação de carne, um liquido viscoso denso que de vermelho passou a negro intenso  foi tomando conta da vala  onde mais corpos todos os dias eram jogados.

O ditador gosta muito de matar.  Todos os dias após uma refeição pedia que  um oponente seu fosse torturado e morto  em frente aos seus olhos.  Por vezes outros ditadores amigos seus estiveram ali assistindo ao espetáculo. O ditador da Coréia do norte. O ditador da Síria. O Ditador da China, alguns russos remanescentes do comunismo. Frances que gostavam de matar no Haiti. Alguns soldados americanos que estiveram no Iraque. Latinos Americanos ditadores e traficantes. Alguns  homens oficial de Israel, Suécia e Alemanha  e claro ditadores Africanos.

Sim eram homens que sabiam apreciar a tortura, a morte do individuo por sofrimento e um bom banquete seguinte. Afinal sendo ditadores, o poder lhes dava esse direito.

 Mas um dia o vento  levou o cheiro da vala e seu sangue putrefatico até o quartel palácio  do ditador.

Ele experimento o aroma entrando por suas narinas, desfazendo-se de toda realidade que conhecia. Não se lembrando de ter tamanha experiência em sua vida. Foi amor a primeira vista. E o cheiro do sangue apodrecido da vala, lhe tomou os mais íntimos desejos, o fazendo se sentir tão bem na vida como nunca antes pode experimentar tamanha sensação de bem.

Ordenou aos seus capitães que  descobrissem de onde vinha  tão precioso aroma.

Aqueles capitães e seus subalternos não entenderam ao certo que aroma era esse, porque sentiam apenas o cheiro da podridão.  Tampando o nariz sempre.

Então procuraram em matas, e savanas, trazendo todo tipo de planta conhecida e desconhecida.  As mesmas plantas que  produzia os aromas mais desejado por todo o planeta.

Mas ao ditador não passavam de aromas desnecessários. Recusava a todas e violentamente mandava matar os soldados que as trouxeram.

E num dia mais de trezentos soldados de sua guarda foram mortos e jogados na vala.

  - Mas senhor se continuar a matar mais homens nosso exercito se acabara. – intervir um capitão.

   - Porque é tão difícil cumprir o que ordeno!

Os pesos dos corpos dos soldados aumentaram o fluxo de sangue na vale e o vento trouxe novamente o aroma de sangue apodrecido.

  - Não sentem esse aroma, tão sublime, tão sofisticado, tão  maior que a própria vida...

Não sentiam tal aroma, apenas o cheiro do sangue  apodrecido.

Então um capitão entendeu a tragédia. E para não arriscar a sua vida, usou de sua estratégia.

  - Senhor esse cheiro, é levemente ácido! – perguntou ao Ditador.

  - Sim!- disse o ditador sorrindo.

 -  E lembra um pouco um cheiro de carne!

 - Bastante! Interessante.

 - Seria um aroma como ao de um açougue.

  - Muito parecido. Realmente. Mas longe, muito longe de ser igual

  Então o capitão pediu um momento  ao ditador e ordenou que  dois saldados fosse até a vala e coletasse  sangue em uma garrafa de vidro. Algum tempo depois, o ditador foi servido da garrafa  transparente onde a cor negra avermelhada do sangue   causava arrepios a todos.

Os olhos do ditador acenderam mais que todas as luzes de Bongue.

E ao tirar a tampa da garrafa, o cheiro insuportável do sangue apodrecido tomou os narizes de todos causando náuseas.  Obrigando a todos a tampar o nariz.

O ditador então descobriu a vida. O cheiro do sangue lhe tomou a sua existência  agarrando –o de  vez  e fazendo sentir que não poderia mais viver sem aquele sangue.

- Onde encontraram esse aroma dos deuses!

- Senhor. Acho que não vai querer saber.

- Seu insolente. Matem esse capitão.

- Senhor! Esse aroma vem da  vala próximo daqui. Onde todos os corpos mortos durantes anos, são jogados como o senhor ordenou. Nada de cemitério para os opositores.

 - A vala. Sim a vala. Levem-me até a vala.

Como o capitão não queria morrer e ninguém mais ali. Levaram o Ditador até a vala, e diante do vermelho negro, a cor mais linda do mundo onde o aroma mais divino de todos era produzido o ditador não pode resistir.  Salto para dentro da vala, sentindo o seu corpo ser penetrado por todo o sangue que expeliu. Tomou o sangue, banhou-se com o sangue, sentiu que o seu sangue pertencia aquele sangue. Foi abraçado por aquele sangue.

De todo o sangue que produziu agora era consumido por ele.

O ditador virou parte daquele sangue. Sumiu para sempre no mar de sangue que produziu.

E todos os que o viram se acabar naquele sangue, temeu por um dia fazer parte daquele sangue. Tamparam a vala, encheram de pedras para que planta alguma crescesse ali e se alimentassem daquele sangue. Voltaram para as suas casas, decretou o fim da ditadura. E por tanto sangue derramado, os homens do ditador passaram a comer apenas vegetais.

E o mundo passou a se perguntar o que acontecera com o ditador de Bongue que sumiu. Outros ditadores começaram a temer o sumisso do ditador de Bongue e por fim tamparam as suas valas.


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domingo, 18 de março de 2012

Escuro


Escuro.


 

   Labirinto negro escuro apagado

   Onde a alma cai, e  encontra outras almas

   Para enxergar outras almas e ouvi-lás

   É preciso saber da morte, que se  esta morto

   Não pode desejar a vida, nem a luz.

   Se desejar a luz, está se apagara

   Se desejar a vida está se distanciara

    Haverá apenas mais labirinto, mais morte

   Na morte tem que se respeitar a morte.

   Na vida tem que se respeitar a vida.

 

  Se entende que está morto, não desespere

  Não lamente

  Aprenda que se esta morto

  Antes aprendeu que estava vivo

  Leve da morte apenas a morte

  Assim como leve da vida apenas a vida.

 Assim como a vida,

 A morte não é eterna.


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terça-feira, 6 de março de 2012

Amigos do Além.

Amigos do além

Vivíamos juntos e por muito tempo na paz, como dizem por ai. Eles eram quatro e apareciam  vez por outra , mas todos os dias, em espelhos, tv’s, reflexos em vidros, no vapor do Box . Quase sempre estavam apenas olhando. Eu tinha certeza que estavam cuidando de suas vidas. Ops! Desculpem-me! Estavam cuidando da vida após a morte. Sim eram fantasmas ou espíritos ou talvez fruto de minha imaginação.

Mas o fato era que viviam em minha casa desde que eu tinha 7 anos de idade e minha família ali se instalou.

     Eu nunca tive medo deles: Três mulheres e um homem todos da idade que não parecia ser exata. Às vezes parecia jovens outras vezes velhos. Nunca se comunicaram comigo ou qualquer outro membro de minha família. Não se comunicavam fisicamente, mas estavam sempre nos olhando.  Às vezes sorriam, outras vezes pareciam tristes.  Nos os vivos não sabíamos quem eram eles, nem o que faziam entre as paredes de nossa casa, os cômodos os moveis e nós.  E com o tempo fomos acostumando e nem nos importávamos mais.

    Meu Pai e minha mãe os viram algumas vezes, mas também nunca os temeram. Não comentávamos sobre eles com mais ninguém, como um segredo de família. Ou talvez por tememos que as pessoas se afastassem de nós por causa deles. Talvez esses espíritos também tivessem esse medo e por isso não se comunicavam conosco.

    Um dia meu pai foi transferido para outra cidade, minha mãe o acompanhou e eu permaneci na casa. O meu trabalho e minha faculdade não me permitiram acompanhá-los. E então fiquei só na casa com os espíritos ou fantasmas.

E como disse no começo vivíamos em paz.

    Eu então comecei a namorar. Era uma menina que eu estava de olho faz tempo. Já tive outras namoradas e as trouxe para a casa. Assim como os meus pais os espíritos souberam respeitá-las. Nunca apareceram para elas, fosse nos  espelhos, vidros ou no vapor do chuveiro.

Mas com a nova namorada a coisa mudou. Desde o primeiro instante em que a trouxe para a casa. Primeiro veio um silêncio assustador.  E derrepente no pé de minha cama abraçado a ela em plena noite, eu os vi! Os quatro aparecerem com o rosto transtornado, me recriminando por ter feito algo muito sério. Não disseram nada e se foram.

Aquilo me intrigou.

      Depois as demais vezes que  trouxe essa nova namorada. Alguns vasos se quebraram. A luz se apagou. E alguns deles dera um tapa bem dado na cara da minha namorada. Ela ficou chocada, porque sabia que não poderia ter sido eu. Eu estava na cozinha e ela no quarto.

Estranhamente a minha namorada não se importou e voltou mais vezes.

E os mesmos fenômenos voltaram acontecer toda vez que ela entrava em casa.

Eu pensei seriamente que era hora de exorcizá-los.  Estavam passando dos limites, talvez por ciúmes ou o tempo deles estivesse se acabando naquela casa.

E foi numa noite que o mais incrível e assustador aconteceu.

A minha namorada apareceu com o rosto tenso, sem muito carinho para mim. E quando ela entrou na casa. O silêncio dominador se desfez com o seu grito. O quatro espíritos ou fantasmas apareceram na sala, frente aos olhos dela. E com o desejo de devora - lá.

Ela se desfez do susto e  sacou uma arma apontando pra mim.

    - Mas porque isso. O que está acontecendo! – eu perguntei.

    - Venha comigo! Isso é um seqüestro. – Ela disse.

E então os quatros fantasmas desapareceram.

E na sala dois homens entraram.

    - Vamos leve ele. - ela disse.

Mas não conseguiram.

Moveis começaram a voar sobre eles a distancia de milímetros passando por mim. Eram cadeiras pesadas, que se quebravam sobre aqueles dois homens derrubando-os.

    - Peça para  pararem se não eu atiro em você. – Ela me disse, apontando a arma para mim.

Eles não pararam e ela atirou em mim.  Cai desfalecido, vendo os meus amigos espíritos mais de perto. Agora eu me sentia um fantasma. E vi a minha namorada, por quem eu estava dando os meus sentimentos ir embora. Correndo para se salvar da polícia.

Aquiles espíritos não eram fantasmas assustadores. Eram pessoas como nós que viveram em diferentes épocas naquela casa e cada um com a sua história. E porque ainda estavam ali? Nem eles mesmos sabiam, mas sentiam como uma ordem dos céus que teriam que permanecer ali por algum tempo.

      Na verdade, eles não queriam que eu morresse. Ficaram furiosos com a aquela minha namorada  para me proteger, eram os meus anjos da guarda. Eles sabiam da intenção dela.

E não morri. A polícia chegou me socorreu, prendeu os dois homens caídos ao chão e mais tarde prenderam a minha namorada. Todos faziam parte de uma quadrilha de estudantes de classe média que seqüestravam por dinheiro, para a boa vida com drogas que levavam.

Meus pais voltaram e certificaram de que eu estava bem. Eu contei toda a história, e juntos não tivemos duvidas de que aqueles espíritos eram nossos anjos da guarda.

Voltei para casa, agora tudo estava em paz novamente.

E daquele dia em diante eu só namorei as meninas que os meus amigos espíritos consentiam.